Ajuste de EBITDA em M&A: Exemplo Prático com uma Clínica de Medicina

Entenda como os ajustes de EBITDA são feitos em uma transação de M&A, utilizando o exemplo de uma clínica de medicina para ilustrar os principais ajustes necessários.

11/28/20244 min read

Em fusões e aquisições (M&A), o EBITDA ajustado é uma métrica crucial para avaliar corretamente o desempenho operacional de uma empresa. O EBITDA, que significa lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, é amplamente utilizado para medir a rentabilidade de uma empresa, mas é importante entender que ele pode ser distorcido por itens extraordinários ou não recorrentes. Esses itens precisam ser ajustados para garantir que a avaliação da empresa seja justa e reflita sua verdadeira performance operacional.

Neste artigo, vamos ilustrar um exemplo prático de como ajustar o EBITDA em uma transação de M&A, usando uma clínica de medicina como modelo.

Exemplo: Ajuste de EBITDA em uma Clínica de Medicina

Vamos supor que uma clínica de medicina está sendo avaliada para uma possível aquisição. A clínica tem um EBITDA publicado de R$ 2.000.000, mas após a análise inicial, foram identificados alguns itens que precisam ser ajustados para refletir a operação real da clínica.

EBITDA publicado: R$ 2.000.000

Agora, vamos identificar e ajustar alguns itens não recorrentes e extraordinários que podem distorcer esse número.

1. Ajuste para Despesas de Reestruturação

A clínica passou por uma reestruturação no ano passado, com demissões de funcionários e encerramento de algumas unidades menores, o que gerou custos extraordinários com indenizações e fechamento de unidades. Esses custos não são recorrentes e não fazem parte da operação normal da clínica, por isso precisam ser excluídos do EBITDA.

  • Despesas de reestruturação: R$ 300.000

Ajuste de EBITDA:
O valor de R$ 300.000 deve ser adicionado de volta ao EBITDA, pois trata-se de uma despesa não recorrente.

2. Ajuste para Ganho com a Venda de Equipamento

Durante o ano, a clínica vendeu alguns equipamentos médicos que estavam desatualizados e não eram mais usados. A venda gerou um ganho extraordinário de R$ 150.000, mas esse valor não reflete a rentabilidade operacional da clínica.

  • Ganho com a venda de equipamento: R$ 150.000

Ajuste de EBITDA:
Esse ganho será subtraído do EBITDA, pois não é uma fonte de receita recorrente.

3. Ajuste para Despesas com Consultoria de Expansão

A clínica contratou uma consultoria especializada para avaliar novas unidades e expandir para outras regiões, o que gerou custos de R$ 120.000. Esses custos foram necessários para o processo de expansão, mas não são operacionais e não são esperados para o futuro próximo.

  • Despesas com consultoria de expansão: R$ 120.000

Ajuste de EBITDA:
Esses R$ 120.000 também devem ser adicionados de volta ao EBITDA, pois são despesas não recorrentes relacionadas ao processo de expansão.

4. Ajuste para Depreciação de Equipamentos

A clínica tem uma grande quantidade de equipamentos médicos e a depreciação anual desses ativos é de R$ 400.000. Como o EBITDA já exclui a depreciação, essa despesa já foi removida na métrica inicial. No entanto, se a depreciação for superior à média do setor ou se houver ajustes em contabilidade de ativos, o valor de depreciação precisa ser ajustado.

  • Depreciação ajustada: R$ 50.000 (ajuste para cima, se a depreciação estiver subestimada)

Ajuste de EBITDA:
Caso a depreciação tenha sido subestimada ou se houver necessidade de ajustar o valor para refletir os custos reais, o valor de R$ 50.000 pode ser adicionado ao EBITDA.

5. Ajuste para Despesas com Marketing Não Recorrentes

Durante o ano, a clínica fez um investimento substancial em marketing, lançando uma campanha de divulgação de seus serviços médicos, o que gerou um custo não recorrente de R$ 200.000. Esse custo de marketing foi uma ação pontual e não faz parte da operação regular da clínica.

  • Custo de marketing não recorrente: R$ 200.000

Ajuste de EBITDA:
Esse valor de R$ 200.000 será subtraído do EBITDA, pois foi uma despesa extraordinária para fins de marketing.

6. Ajuste para Compensação Baseada em Ações

Caso a clínica tenha oferecido opções de ações para seus executivos como parte da remuneração, essas despesas não envolvem pagamentos em dinheiro, mas são registradas como custos operacionais. Esses valores são ajustados, pois não impactam o fluxo de caixa da empresa.

  • Compensação baseada em ações: R$ 80.000

Ajuste de EBITDA:
Esse valor será subtraído do EBITDA, pois não representa uma despesa de caixa.

Cálculo do EBITDA Ajustado

Agora, vamos calcular o EBITDA ajustado da clínica após todas as modificações.

EBITDA publicado: R$ 2.000.000
Ajustes:

  • Adicionar despesas de reestruturação: + R$ 300.000

  • Subtrair ganho com a venda de equipamentos: - R$ 150.000

  • Adicionar despesas com consultoria de expansão: + R$ 120.000

  • Ajustar depreciação: + R$ 50.000

  • Subtrair custo de marketing não recorrente: - R$ 200.000

  • Subtrair compensação baseada em ações: - R$ 80.000

EBITDA ajustado:
R$ 2.000.000 + R$ 300.000 - R$ 150.000 + R$ 120.000 + R$ 50.000 - R$ 200.000 - R$ 80.000 = R$ 2.040.000

Conclusão

Após os ajustes, o EBITDA ajustado da clínica de medicina é de R$ 2.040.000, o que reflete melhor a rentabilidade operacional da clínica, removendo itens extraordinários e não recorrentes que poderiam distorcer a análise.

Esses ajustes são essenciais durante o processo de M&A, pois garantem que todas as partes envolvidas na transação tenham uma visão clara e precisa da performance real da empresa, permitindo uma avaliação mais justa e alinhada com a realidade financeira da clínica.